O homem, a arquitetura, o Universo e tudo em Bali podem ser divididos em três partes, é o conceito do Tri Angga Balinês o qual diz que tudo no mundo natural pode ser dividido em três partes, as coisas que estão no alto são chamadas de Utama como as montanhas e tudo que lá estão, a espiritualidade, seus ancestrais, tudo que é puro e sagrado e o céu. Vista, por outro lado denota o inverso, tudo que está abaixo como o mar, sua energia, o impuro e tudo o que incomoda o conforto de suas mentes e espíritos. No meio está o homem na chamada Maya o mundo mundano da existência do dia a dia, um tipo de sertão cosmológico que vai da orla marítima aos pés das montanhas. O corpo humano também pode ser dividido em cabeça, tronco e pernas assim como tudo criado por ele mesmo. Até a mais simples estrutura construída na arquitetura de Bali, pode ser dividida em três, um base, paredes ou colunas e o telhado.

A arquitetura Balinesa somente é erguida com orientações cosmológicas precisas, sob a metafisica do Universo em múltiplos de três como sua parte integrante onde influência cada aspecto da vida dos futuros moradores, cada parte participa da existência da outra parte no projeto, onde o microcosmo é percebido refletindo o macrocosmo. A orientação correta no espaço combinada com ideias antagônicas de pureza e exageros são chaves para harmonizar a presença do ser humano com o resto do Universo dentro da arquitetura de interiores e exteriores. Para o Balinês tudo tem seu correto lugar no mundo, o compasso Balinês ou rosa dos ventos é chamada de nawa-sanga, além dos 8 pontos cardinais, cada direção é ligada a uma área da vida em particular, sempre com as coisas boas no alto, as montanhas são partes sagradas da ilha, como o monte Agung, as más embaixo e o homem no meio, para que tudo esteja bem é importante manter boas relações, por este motivo a arquitetura Oriental Balinesa é mediada por várias orientações espaciais que influenciam em muitos aspectos da vida. 

Uma questão fundamental na arquitetura e na decoração de Bali são as proporções matemáticas e cosmológicas, a principal unidade de medida em Bali é a depa que consiste na distância entre os dois dedos indicadores com os braços do futuro proprietário abertos horizontalmente, hasta é a medida do comprimento do braço medido da ponta do dedo indicador ao cotovelo, musti é a largura da mão fechada com o polegar levantado, as dimensões e proporções da residência são cuidadosamente determinadas de acordo com o status a que pertence o dono do imóvel a ser construído, importando mais as proporções do que o tamanho em si. Por exemplo, somente um Raja (status superior) pode construir prédios quadrados próximos no terreno onde a diferença da distância entre os dois é menor do que a medida da construção principal, um comerciante também pode construir prédios quadrados próximos, porém a distância entre eles não pode ser menor do que a medida do prédio principal, regulamentações como estas sobrecaem sobre todas as classes sociais e construções em toda a ilha de Bali na Indonésia.

GAZEBOS BALINESES

As casas na arquitetura de Bali são compostas por bales ou gazebos, ao longo do terreno particular do Balinês, com atribuições específicas. Geralmente feitos em madeira e ou concreto em seu piso, com telhas de cerâmica ou palha de Alang-Alang, tipo de Sapê frequentemente encontrado em Bali. Toda a casa então é composta pelos bales construídos respeitando a proporções Balinesas no pátio. Os bales além de serem construções com fortíssima tradição cultural na ilha, propiciam a entrada abundante da luz natural e de ventilação, sendo locais arejados e iluminados muito agradáveis, principalmente para uma ilha de clima quente e tropical como Bali na Indonésia. Os bales estão sempre localizados em volta ao quintal central e podem ser totalmente abertos ou parcialmente fechados, muitos bales são abertos pelo menos em dois lados, o terreno cercado, sempre conta com um portão principal, geralmente muito adornado. Os bales Balineses tem função inprescindivel nos espaços comuns da familia residente e de suas visitas. Os bales constituem os cômodos nas casas balinesas e são responsáveis pela composição da unidade familiar como residência. Notadamente e de grande importância, os bales fazem toda a casa “conversar” entre si com seus espaços abertos, cuidadosamente localizados, fazendo com que a circulação se dê de forma fluida e harmoniosa, muito bem caracterizada na cultura Balinesa.

Os bales concentram as atividades diárias do lar, principalmente em dias chuvosos, muito comuns na ilha de outubro a março, sempre direcionados para o espaço do pátio, inclusive os bales sagrados para oração da família, são posicionados cosmologicamente após longo planejamento arquitetônico. No pátio central são plantadas várias plantas e arvores naturais da ilha, inclusive árvores frutíferas, criando jardins arejados e frondosos, famosos e reconhecidos por paisagistas como os mais lindos de todo o planeta Terra.